( Vizinhas que conversam no vão da escada)
Suzete: Nem imagina Dona Palmira, ela contou-me a carta que lhe escreveu. Diz que é um tipo de história, qualquer coisa como isto:
"Dois corpos de barro, moldados um ao outro.
Sem pensar na tempestade que poderia vir lá de fora e atacar os interiores, eles tentaram perceber como os seus pés dançavam. Como os seus olhos, olhavam.
Os seus lábios ficaram imóveis e secos.
Ela nada queria acrescentar aos seus gestos. Aquilo bastava-lhe.
As palavras eram as mesmas que trocavam há meses, com a mesma fluidez eles conversaram.
Entre o pequeno sono, ela olhou-o. Tentou compreender de onde nasciam as pequenas rugas do seu sorriso. Quando os olhos lentamente se abriram, ela descobriu.
Não souberam se as horas estavam com pressa de passar, só quando o dia nasceu...
Ela disse-lhe que gostava muito dele, mas ele já não ouviu."
Dona Palmira: É de mim, ou não deveria saber essa carta de cor? Há com cada uma. Dona Suzete, meta-se é na sua vidinha. Deixe lá a rapariga.
Suzete: É verdade... Mas foi mais forte que eu. Hoje que dia da semana é?
Dona Palmira: Quinta Suzete! Quinta!