sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A menina e os fantasmas.


Nem nunca tive a certeza disso, eram por vezes palavras que surgiam no silêncio daquilo que ambos desconhecíamos. Era a verdade que eu construía e que tentava ao menor tempo esquecer. Fosse aquilo que eu queria forçar para acreditar ou simplesmente a mentira que acreditava estar por detrás de tudo. Não escolhi, fui filha sem mãe no que diz respeito à realidade que conheci e que fugi por não querer compreender. Foram vocês que apareceram e que tiraram de mim a estranha sensação de estar sozinha. Se é que ela realmente existe. Nada como não viver apenas, nada como não acreditar que a felicidade existe, nem sequer querer experimentá-la. Guardem para vocês, esses fossos terríveis que têm. Não partilhem comigo. Não mais esse silêncio. Não me expulsem, mostrando-me que me querem ao vosso lado.

Voltem de onde saíram. Não quero descobrir, se é aqui que querem ser. Digo-vos, portanto, voltem de onde fugiram e não estraguem aquilo que até agora construí. Estou farta de pensar que todos nós trazemos uma quantidade terrível de pessoas dentro de nós que espreitam dos bolsos cada vez que não esperamos.

Eu esvazio os bolsos. Há somente uma pessoa que para sempre permanecerá. Aquela a quem dei os meus sapatos.

Vão à vossa vida e deixem-me em paz.